A medida que o número de entradas em uma série aumenta, a chance de o filme mais recente ser terrível aumenta geometricamente. Enquanto que a primeira sequência de uma obra é meio que um cara-ou-coroa entre "totalmente demais" e "medíocre", quanto mais se colhem os ovos da Franquia Dos Ovos De Ouro, menos ovos restam para colher. É claro, obras que vão para o cinema possuem grandes orçamentos. No geral, seus criadores estão pelo menos tentando. Mas se for mídia que vai direto para DVD ou televisão, as chances de o terceiro ser uma bosta já são bem próximas de 100%. Em parte isso se dá porque as pessoas assumem que um filme desse tipo é algo que não era bom o bastante para os cinemas. E, como regra geral, elas estão certas.
Em outras palavras, sequências de obras, que costumam ser criadas no ímpeto dos números de bilheteria, raramente são tão boas quanto a obra para a qual a sequência é feita. Se houver uma terceira entrada, ela vai frequentemente marcar uma queda acentuada, ainda que a segunda obra tenha sido ok. E se a trilogia for boa, ir além desse ponto tem uma chance ainda maior de ser ruim.
Sintomas comuns de sequelite — os elementos que contribuem para a sequência não ser tão bem-recebida quanto o original — incluem (mas não se limitam a):
- Produzir uma sequência apenas porque o original fez muito sucesso e os executivos querem mais dinheiro, independentemente do potencial criativo ou do desejo dos fãs por uma sequência.
- A sequência acontecer sem planejamento. Muitas obras são escritas para passar uma sensação de ser auto-contida e já encerrada, com os criadores não tendo em mente nenhum ponto para dar prosseguimento. Atualmente isso acontece cada vez menos nos filmes, pois todo mundo que trabalha na indústria já sabe da existência deste tropo e quase todos os filmes de grande orçamento são feitos com sequências como uma possibilidade, isso se já não são planejadas desde o começo.
- Desfazer o final da obra anterior quando ele não dá margem para mais histórias. Isso pode ser ainda pior para sequências que transformam finais felizes no começo de algo com grande sofrimento, dificuldade e conflito.
- A revelação ou retorno muito conveniente de um personagem (em especial, um vilão) que foi morto ou removido na primeira obra.
- A tentativa de transformar uma obra fechada em uma Trilogia De Duas Partes, com a primeira obra sendo uma história completa em si mesma e as outras duas obras seguintes sendo na verdade uma história dividida em duas obras, o que resulta em duas sequências inchadas e incoerentes com a trama esticada para abranger as duas.
- Após uma série de sequências boas ou ruins, os criadores desejam encerrar a franquia do melhor jeito possível (ou estão cansados de entregar sequências ruins), então eles produzem uma obra com a intenção de encerrar a série. Eles prometem que essa obra será a última, e talvez até a anunciem como sendo o capítulo final, mas então a promessa é quebrada com mais uma sequência.
- Em uma inversão do ponto acima, a primeira obra pode ter uma sequência planejada, mas é auto-contida e pode ser aproveitada por si só. Para a segunda e a terceira, no entanto, os produtores têm planos para ainda mais sequências e derivados, e recheiam a sequência com ganchos e linhas de trama incompletas para encaixar as obras posteriores, ao invés de, tipo... se concentrar em tornar a obra boa. Isso pode ficar ainda pior com outra inversão: esses filmes são cancelados e deixam essas tramas sem resolução.
- A obra original era tematicamente rica, mas as sequências vieram cheias de Bigornadas, seja com tópicos que requerem tato e sutileza, seja com temas que apenas tocam a superfície de assuntos complexos.
- Retcons que enfurecem as pessoas por qualquer motivo que seja.
- O Pecado Original Da Franquia: No começo da franquia há pequenas falhas, mas à medida que novas obras chegam essas falhas saem do controle.
- Um orçamento muito menor para a sequência em relação ao original. Ainda que o dinheiro por si só não baste para tornar uma obra boa, e ainda que hajam muitas sequências inferiores com um orçamento maior que o original, um orçamento maior significa que pelo menos os executivos têm alguma fé de que a obra vai valer a pena. Se uma sequência é feita com um orçamento ridiculamente baixo, isso significa que eles estão apenas empurrando a obra para catar um troco rápido.
- A reinterpretação de personagens de retorno com atores não tão bons (e não apenas aqueles que eram interpretados por crianças que agora estão velhas demais, estrelas de renome que estão em outros projetos ou atores velhos que morreram no meio-tempo).
- A partida misteriosa inexplicada de um personagem importante ou de apoio da obra original, tipicamente porque o ator (ou atores) não quis retornar e os produtores não quiseram (ou não podiam) colocar outra pessoa no papel.
- A morte de personagens queridos feita de maneira casual, desavergonhada, sem sentido e às vezes até insensível.
- A partida inesperada e misteriosa de um personagem tal como o interesse amoroso de um herói, tipicamente porque os produtores consideraram que aqueles que torcem pelo casal perderiam o interesse caso o herói se casasse. No máximo, pode haver uma fala breve para dizer que "não deu certo". Mas isso não vai impedir o herói de arranjar um novo interesse amoroso.
- A sequência girar em torno do (geralmente não mencionado previamente) parente/amigo de um personagem querido cujo ator não vai retornar, com a expectativa de que uma conexão com o personagem original vai ajudar o personagem a ser tão popular quanto o anterior. Isso pode levar a algo que é uma sequência Somente No Nome.
- A sequência ser mais animada e leve que o original, ao ponto de ser rotulado como uma obra para crianças e alienar a maioria (se não todos) dos fãs, ou ser desnecessariamente Mais Sombrio E Pesado e somente para adultos apenas porque sim.
- Ser similar demais à obras anteriores, ao ponto de que parece simplesmente ser mais do mesmo. Criadores podem não perceber que, se nós queremos sequências, então queremos que a história avance ao invés de se repetir. Filmes de comédia são propensos a esta armadilha, já que muitas sequências de comédia tendem a reutilizar não apenas a trama como também as piadas mais memoráveis dos predecessores. Para o tropo mais geral de arcos de história reciclados, consultar Regra Da Demografia Passageira.
- Não se parecer em nada com os trabalhos prévios, mas não porque se deseja uma sensação de novidade ou inovação — ao invés, por outros motivos, tais como não conseguir fazer algo do nível do original por causa da trama/atores/orçamento menor/classificação etária/licenciamento/etc, ou se basear no que é atual e/ou popular e tentar ser mais parecido com outros filmes de sucesso.
- A Estrada Com Uma Tribo Estranha começa a sufocar a trama para ocultar o fato de que os escritores ficaram sem combustível para trama.
- O reuso de algum elemento tido como importante para o sucesso da primeira obra com a expectativa de que ter mais desse elemento deixará a sequência ainda melhor. Se funciona para a primeira sequência, vai ser intensificado ainda mais nas sequências posteriores. Isso pode levar a Humor Vulgar, violência sadista tipo pastelão, ou algo nesse sentido.
- Bajular O Fa Clube, que pode se manifestar de diversas formas nocivas que podem aparecer separadamente ou em conjunto:
- Novos membros em potencial do público alvo se tornam vítimas do Bloqueio De Continuidade quando conhecimento da primeira obra — ou do material fonte — é requerido para compreender o que está acontecendo.
- Porno De Continuidade irritando fãs que entendem as referências e confundindo ou até mesmo chocando aqueles que nem sequer sabem que há uma referência sendo feita.
- Fãs existentes ficam irritados quando elementos que eles gostavam na primeira obra são mal utilizados ou usados em excesso. Eles expressam o descontentamento de maneira muito vocal. Isso pode ser causado por uma compreensão limitada ou ruim por parte dos criadores sobre o que os fãs gostam no geral.
- Isto particularmente é o caso quando se traz de volta um personagem que inesperadamente ganhou o afeto do público na primeira obra, mas não se faz nada de interessante com ele — ou pior, o personagem sofre Flanderização tão severa que eles se tornam uma caricatura unidimensional do personagem encantador e multifacetado que outrora foi.
- O oposto pode acontecer também — onde uma história intencionalmente excêntrica baseada na Regra do Legal e na Regra da Graça tenta se firmar no solo e ser mais realista na sequência, perdendo no processo o encanto original. No entanto, isso costuma ser uma ocorrência menos comum do que o inverso.
- Produzir uma sequência só para conseguir mais dinheiro, mas com brinquedos e outros produtos licenciados ao invés de tíquetes. É comum que obras de sucesso consigam render mais dinheiro com produtos licenciados do que com a obra em si, mesmo aquelas que só tiveram faturamentos modestos. Sequências feitas para vender brinquedos ao invés de tentar contar uma história podem distorcer o roteiro de muitos modos, quase nenhum deles bom (e.g. tornar o filme mais "adequado ao público infantil", introduzir/focar em personagens fofos e vendáveis, ou até mesmo se livrar completamente de personagens que não vendem brinquedos).
- Todas as sequências anteriores tinham números no título, mas acabaram sendo tantos títulos que eles simplesmente Pararam De Numerar As Sequencias porque o público está ciente deste tropo e que um número tão elevado no título pode ser uma estratégia ruim de marketing.
- Em qualquer trilogia, uma quarta entrada é mau presságio, ainda mais quando a trilogia não apenas conseguiu ter três filmes decentes ou até mesmo bons, mas também um senso de desfecho; um quarto filme pareceria com tentar encaixar um pino quadrado em um furo redondo. Um quarto filme funciona melhor quando ele é anunciado como uma obra derivada que não tenta realmente seguir o arco de história já finalizado e sem portar o número 4 no título.
- Acontece com adaptações ou refilmagens quando todo o material fonte já foi utilizado no filme (ou filmes) anterior e então se continua a produção de sequências com histórias originais — principalmente quando o autor do material original não está disponível para ajudar. Pior ainda: se as histórias não são fieis aos originais, elas vão se parecer com fanfic mal escrita. Isso é particularmente problemático ao se produzir sequências para obras bem estabelecidas, tais como aquelas que tenham como protagonista um Personagem De Dominio Publico; o original é clássico de maneira tal que a sequência não consegue evitar de parecer um pouco blasfema.
- Escritores tentando subir o nível em relação a entradas anteriores ou tentando tornar o ambiente maior e melhor na sequência, mas se encurralando e tornando a sequência uma decepção por não entregar tanto quanto o anterior ou por não subir o nível novamente.
A compulsão terrível por parte dos escritores e diretores de cinema em adicionar novos capítulos a obras bem fechadas foi, portanto, equiparada a um vício. Os escritores às vezes parecem reconhecer isso, e à medida em que sequências são produzidas eles podem parar de numerar as obras e começam a adicionar subtítulos cliché. Isso só faz com que seja mais difícil para os novos fãs determinar a ordem de assistir as coisas. Se eles não estão cientes disso, então a chance é de que A Primeira Entrada Vence.
Os tropos inversos são Sequencia Surpreendentemente Melhor (uma sequência boa para uma obra medíocre ou terrível) e Sequencia Ainda Melhor (uma sequência incrível para uma obra boa). Comparar com Sequencia Contestada (quando há divisão considerável sobre a qualidade da sequência), Somente No Nome (quando uma sequência é estranhamente divergente do predecessor), Franquia Baseada Em Viloes (quando uma sequência mantém o monstro ou vilão, mas nenhum dos heróis originais) e Estagnacao De Sequencia Da Capcom (quando é o mesmo jogo, com pequenos ajustes e acréscimos, re-lançado repetidas vezes). Pode ser causado por uma escolha ruim no processo de Escalada Da Sequencia e levar à Franquia Zumbi se uma sequência que deveria ter sido matadora de franquia não destrói a série. Alguns fãs tratam tais sequências com a Descontinuidade De Fanone. Ver também Crise Do Segundo Ano, O Problema Com Jogos Licenciados e Podridão Sazonal. Para séries de TV, isso às vezes é o resultado de uma Temporada Pos Roteiro. É o motivo pelo qual a Sequencia Sarcastica e a Sequencia Futura Ridicula se tornaram piadas comuns. E, é claro, qualquer um dos itens acima pode acontecer com Prequencias.
