Uma crença comum entre executivos da televisão e do cinema é de que todo mundo que assiste qualquer coisa na televisão tem o intelecto de uma batata.
Esta crença é uma das causas da Interferência Executiva, que é particularmente comum em shows voltados para crianças. Pode-se dizer que crianças possuem menos conhecimento que adultos, apesar de cada um de nós certamente conhecer uma quantidade significativa de exemplos.
É claro, existe em algum lugar uma parcela de idiotas, mas os executivos parecem acreditar que toda e qualquer pessoa que assiste televisão é parte desse grupo. Isso pode ter a ver com algo que é conhecido como a regra do "80-20" note nos negócios — neste caso, as pesquisas de mercado apontam que 80% do dinheiro gasto com produtos anunciados na televisão vem dos 20% inferiores em termos de educação e inteligência, por isso o conteúdo dos shows é naturalmente voltado pra eles.
Além disso, não só os espectadores são estúpidos, eles são também intolerantes à pessoas e coisas que não são como eles, são ignorantes, odeiam mudanças, precisam ser instantaneamente satisfeitos e possuem tanta atenção quanto um peixinho dourado.
Este tropo leva a:
- Amnesia De Esopo: O personagem aprende Um Esopo mas esquece dele entre os episódios.
- E Saber E Metade Da Batalha: Episódios de shows infantis finalizam com uma lição.
- Gueto Da Idade Para Animacao: A crença de que somente crianças assistem a animações.
- Anti Intelectualismo: Fazer graça dos intelectuais.
- Personagem Anti Modelo: Um personagem em uma história infantil que faz as coisas que o público não deveria fazer e que é retratado como irritante de algum modo.
- Bigornada: Um Esopo nada sutil.
- Desde Que Soe Estrangeiro: Palavras que não são de fora, mas que são colocadas para soar como se fossem.
- Era De Alienacao Do Publico: Um momento em uma série que trouxe uma mudança impopular.
- Mas Nao Muito Mau: Os vilões não podem fazer coisas malvadas demais, ou a obra será muito chocante ou controversa.
- Mas Nao Muito Estrangeiro: Alguém é meio-estrangeiro.
- Mas Espere Tem Mais: Um anúncio pede para os espectadores aguardarem por informação extra.
- Capitão Óbvio: Declarar o óbvio.
- Revelacao De Capitao Obvio: Esperar que o público fique surpreso com uma reviravolta que foi tornada óbvia demais por excesso de dicas ou algo parecido.
- Descarrilhamento De Personagem: O personagem muda de personalidade sem explicação.
- Nomear Seus Ataques: Um personagem em combate grita o nome do ataque.
- Departamento De Redundancia Redundante: Repetir coisas.
- Nao Tente Isso Em Casa (consideravelmente mais apropriado que os demais itens da lista).
- Exatidao Falsamente Anunciada: Dizer que fez a pesquisa, provar que na verdade você não fez e supôr que o público será ignorante demais para perceber.
- Regra Da Demografia Passageira: Reutilizar histórias antigas com base na suposição de que ninguém que esteja vendo agora tenha visto na primeira vez.
- Despejo De Informacao: Uma sessão de Exposicao realmente longa.
- Nao E Para Ganhar O Oscar: Criadores costumam usar isso como desculpa quando essa mentalidade surge na obra deles.
- Faixa De Riso: Um show coloca risadas pré-gravadas em cada piada.
- Minimo Divisor Comum: Tentar apelar para o máximo possível de pessoas.
- ??? Macekre: Uma Mudanca De Trama Induzida Por Dublagem que foi mal-feita.
- Narrar O Obvio: O narrador declara o óbvio.
- Decaimento Da Rede: Um canal de televisão começa a mostrar coisas que fogem do padrão exibido (e.g. o canal sobre natureza começa a passar programas que não tem nada a ver com natureza).
- Obviamente Do Mal: A aparência e/ou ações do personagem são abertamente más porque os espectadores não saberão quem são os bonzinhos se os malvados forem muito sutis.
- Vilao De Cracha E Tudo: Acreditar que o público não vai conseguir identificar um personagem como mau a menos que ele se orgulhe de sua maldade e/ou referencie a si mesmo como sendo mau.
- Judas Obvio: Esperar que o público fique surpreso quando um personagem Obviamente Do Mal é revelado ser um vilão.
- Isca De Oscar: Os espectadores em questão são críticos e/ou membros da Academia.
- Esquema De Pagamento (em anúncios)
- Se Inscreva Em Nosso Canal, em alguns casos.
- Furo Na Trama: Um erro na escrita.
- Roteiro Reciclado: Uma série de TV copia o roteiro de outra série.
- Mostre Nao Conte: Uma dica comum de escrita que diz para implicar ou demonstrar que algo está acontecendo ao invés de dizer que está acontecendo.
- Este Fracassado é Você: Tornar o personagem principal um "perdedor" para fazer com que o público se conecte a ele.
- Burro Demais Para Usar Um Cobertor: Um anúncio para alguma coisa que já tenha uma contraparte mundana (e.g. um cortador de papel refinado contra uma tesoura) que tenta retratar essa coisa como necessária ao mostrar as pessoas falhando miseravelmente em executar a ação do jeito normal.
- Totalmente Radical: O público já sabe que a obra é atual. Por que se incomodar?
- Apelos cinícos para reações sobre a Verdadeira Arte (i.e. o show X teve pouco esforço na produção, mas foi feito para parecer superficialmente artístico na expectativa de que os espectadores idiotas o assistiriam não por apreço legítimo, mas para se sentirem inteligentes).
- A Televisao Nunca Mente: Um Esopo sobre não confiar na mídia.
- ??? Writer Cop Out: Quando o encerramento de uma história é anticlimático, tem um clímax insatisfatório, ou é inadequado.
- ...e muitos, muitos outros.
Curiosamente, este meta-tropo soa pior do que realmente é, pelo menos no momento; comparar e contrastar o entretenimento atual com o entretenimento do passado vai mostrar que, no geral, os shows exigem mais da sua mente do que antes, provavelmente porque ficaríamos entediados se assim não fosse e parcialmente porque as gravações e a internet agora permitem examinar os shows a fundo mais facilmente do que no passado (o livro Everything Bad Is Good For You, do Steven Johnson, tem uma explicação eloquente que vai além do escopo deste artigo).
É claro, tudo isso significa que o nível do entretenimento está cada vez mais elevado e que os espectadores se irritarão mais facilmente se coisas como o Despejo De Informacao acontecerem em excesso. Adicionalmente, a observação sobre isso ser a opinião dos executivos sobre os espectadores de fato correspondia com a realidade em certo ponto. Na era das três grandes emissoras americanas (NBC, ABC e CBS), antes da ascensão do VHS, os shows eram de fato pensados para serem simples e "inquestionáveis", por receio de fazer aquele terço do público querer trocar para um dos competidores. Intelectuais que consideraram a televisão muito simplista logo pensaram em nomes jocosos para o aparelho e houve também quem dissesse que "a televisão me deixou burro, muito burro demais".
Note que este ponto de vista não é exclusivo dos executivos de emissoras. Questione algum detalhe de continuidade de um show para crianças que tenha uma Demografia Periferica significativa composta por adultos e é praticamente certo que um dos adultos periféricos vai insistir que é "apenas um programa infantil e as crianças nem vão perceber". Ironicamente, as crianças costumam prestar mais atenção nesses detalhes, não exatamente porque elas são "mais espertas" do que supomos, mas porque, pela ausência de coisas como trabalho, cônjuge e obrigações da vida adulta, elas tendem a ver os programas favoritos com mais obsessão e com uma fração maior das próprias mentes dedicada para análise. (E isso os tornam similares a outras pessoas que você talvez conheça.) Consequentemente, crianças e suas questões difíceis podem colocar até os editores mais atentos no sufoco.
Por fim, este tropo não é necessariamente ruim. Administradores e qualquer outra pessoa cujo trabalho seja explicar coisas para outros (como um técnico ou um palestrante) conhecem o método "KISS"note por causa do receio de que se algo é muito complexo então ninguém vai compreender, o que certamente é verdade para as tramas televisivas. Por isso, se um escritor supõe que seu público alvo não é composto de gênios e escreve uma história de acordo, isso não é má ideia, já que ninguém vai aproveitar a história se não consegue acompanhá-la. É claro, cuidado é necessário, pois se um escritor torna sua história simples demais ele corre o risco de alienar o público, que vai furiosamente invocar este tropo.
Parte dele tem a ver sobre como as pessoas usam a televisão. Em algumas residências, a TV simplesmente fica ligada. O ruído de fundo e as vozes adicionam um pouco de conforto ao lar. Essas pessoas talvez prefiram programas que dê para começar a qualquer momento sem perder muito conteúdo. Convenhamos, nem todo espectador é como um tropoeiro, que está sempre analisando as ações dos personagens e destrinchando a trama. Isso não significa dizer que a pessoa é estúpida, mas quando se trata de explicar o show que ela "assiste", para um tropoeiro essa pessoa pode soar como se fosse estúpida.
Comparar com Minimo Divisor Comum. Para quando os espectadores realmente são idiotas, consultar ??? Fan Dumb e ??? Hate Dumb.
Para o oposto polar menos comum, ver Espectadores Sao Genios. No entanto, quando esse tropo conflita com este, você pode acabar com uma ??? Unpleasable Fanbase.
Para versões impostas por lei (ou por medo de processo judicial), ver também Nossos Advogados Recomendaram Este Tropo.
Não confundir com Humanos Sao Idiotas.