Antônio: Parece-se muito consigo mesmo, senhor, e é da largura que lhe é própria. Sua altura não passa da que ele tem, movimentando-se ele com seus próprios membros. Vive do que o alimenta e, uma vez dispersados os elementos, transmigra para outra parte.
Lépido: De que cor é ele?
Antônio: De sua própria cor.
Lépido: É uma serpente muito esquisita.
Antônio: Perfeitamente; e suas lágrimas são úmidas.
Descreva Parecido Consigo Mesmo aqui ao fazer uma auto-demonstração.
Dizer que algo é parecido consigo mesmo é uma tautologia, uma frase verdadeira sem conteúdo informacional, uma repetição desnecessária de palavras que significam a mesma coisa: "Eu vejo com meus próprios olhos" ou "É o que é". Em algumas situações, pode ser usado casualmente por ignorância, tal como em cartas e emails que contenham algo como "rsvp, por favor" (ignorando o fato de que rsvp significa répondez s'il vous plaît — "responda, por favor").
Mas às vezes a redundância tem um propósito, podendo ser:
- Intensificação;
- Esclarecimento;
- Algumas pessoas podem não perceber que um acrônimo já contém a palavra acrescentada;
- Chamar atenção para a propriedade de algo, ainda que inerente: "ele desenha círculos belamente redondos";
- Descrever algo como entediante: dizer que um sofá tem cor de sofá implica que a cor é genérica sem nenhum toque especial;
- Ou pode ser um jeito mais conciso e simples de frasear coisas: compare "o estado de existência deste objeto é permanente e quaisquer tentativas de modificar seu estado são fúteis" com "isso é o que é", ou "regras são regras" como um corretivo para "regras são feitas para serem quebradas". Referir-se a uma pessoa desse jeito é uma maneira comum de implicar que aquele que fala conhece muito bem a pessoa, por isso não necessita explicar porque a pessoa se comporta da maneira que lhe é própria. Costuma ser usado para pincelar algo incomum que a pessoa faz como alguma idiossincrasia. Também pode funcionar ao contrário com aparentes contradições, na forma de "ele não está sendo ele mesmo esses dias".
Além do mais, às vezes os conceitos sendo usados não são de fato idênticos, ainda que seja usado o mesmo tempo (e.g. "Aquele soldado é um soldado de verdade!", já que "soldado" pode significar "membro das forças armadas" e "O Estoico"). Portanto vale a pena pensar em muitas tautologias aparentes, pois podem haver significados interessantes por trás.
A tautologia também é usada como princípio fundamental na lógica formal e filosofia, onde é conhecida como princípio da não-contradição
: "A é A, e não é não-A". O princípio por si só é um exemplo, pois é um axioma lógico, o que significa que qualquer prova lógica do princípio da não contradição teria que depender do próprio princípio para ser uma prova lógica. Dizendo de outra maneira: tautologias são verdadeiras porque são verdade.
O nome do tropo vem do William Shakespeare, que usava muitas delas.
Este artigo é um oferencimento do Departamento De Redundancia Redundante, o departamento que trouxe a você este artigo. Como é 100% verdade ao mesmo tempo em que não dá nenhuma informação nova, este é um subtropo de Resposta Do Matematico, que é um supertropo deste.
Este também é um supertropo de Um Cachorro Chamado Cachorro, já que animais que recebem o nome da própria espécie recebem o próprio nome.
De maneira mais amplas, são relacionados: Acronimo Recursivo para acrônimos que usam a si mesmos em si mesmos, Capitão Óbvio, El Nino Significa El Nino Em Espanhol, Exatamente O Que Está Escrito e O Tropo Sem Um Titulo, que são alguns artigos relacionados a este. Pode periodicamente se sobrepor a Dialeto Coisado. Contrastar com Logica Circular, que pode lembrar isto mas é logicamente falacioso.
Exemplos Em Falta.
